Psicomotricidade e processos de aprendizagem
Entendendo a palavra PSICOMOTRICIDADE
PSI + CO + MOTRIC + IDADE
Trabalha a conexão entre os aspectos psicológicos, cognitivo e motor que alternam de acordo com o desenvolvimento humano. Integração das funções motoras e psíquicas em consequência da maturidade do sistema nervoso.
Ela é definida como uma ação pedagógica que entende o movimento interligado com as interações sociais, psíquicas e cognitivas dos sujeitos.
Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade:
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
São 7 os fatores psicomotores que vão surgindo e cujo desenvolvimento global é fundamental para uma aprendizagem e ritmo de desenvolvimento típico.
Princípios da Psicomotricidade
- Esquema corporal
- Equilíbrio
- Lateralidade
- Tonicidade
- Estruturação espaciotemporal
- Coordenação global ou motricidade ampla
- Motricidade fina
A Importância da Psicomotricidade no Processo da Aprendizagem
A Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolvem a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo.
A importância de desenvolver a psicomotricidade na infância. O corpo é considerado a primeira forma de linguagem para a criança, já que, com ele, a criança introduz sua comunicação com o meio. A psicomotricidade, através do movimento, desenvolve no indivíduo capacidades afetivas, cognitivas e motoras.
Esquema corporal
É a consciência do corpo consigo mesmo e com o meio.
O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da personalidade da criança.
Segundo Wallon (1981), é a representação relativamente global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo.
O esquema corporal resulta das vivências e experiências que possuímos provenientes do corpo e das sensações às quais somos expostos. Ele se organiza pela experienciação do corpo da criança e pode ser desenvolvido.
É uma construção mental que a criança realiza gradualmente, de acordo com o uso que faz de seu corpo. Segundo Le Boulch (1981, p. 74), o esquema corporal é dividido em etapas:
1ª Etapa: Corpo vivido (até 3 anos de idade) – Corresponde à fase de inteligência sensório-motora de Piaget. O bebê sente o meio ambiente como fazendo parte dele mesmo. À medida que cresce, com maior amadurecimento de seu sistema nervoso, vai ampliando suas experiências e passa, pouco a pouco, a se diferenciar do meio ambiente. Nesse período a criança tem uma necessidade muito grande de movimentação e através desta vai enriquecendo a experiência subjetiva de seu corpo e ampliando a sua experiência motora. Suas atividades iniciais são espontâneas.
2ª Etapa: Corpo percebido ou descoberto (3 a 7 anos) – Corresponde à organização do esquema corporal devido à maturação da “função de interiorização” que é definida como a possibilidade de deslocar sua atenção do meio ambiente para seu próprio corpo a fim de levar à tomada de consciência. A função de interiorização permite a passagem do ajustamento espontâneo a um ajustamento controlado que propicia maior domínio do corpo, culminando em maior dissociação dos movimentos voluntários.
3ª Etapa: Corpo representado (7 a 12 anos) – Nesta etapa observa-se a estruturação do esquema corporal. No início dessa fase a representação mental da imagem do corpo consiste numa simples imagem reprodutora, isto é, uma imagem de corpo estática.
A criança terá a imagem mental do corpo em movimento a partir de 10/12 anos. Ou seja, uma completa interação motora e temporal. Nessa fase, sua imagem de corpo passa a ser antecipatória, e não mais somente reprodutora, revelando um verdadeiro trabalho mental devido à evolução das funções cognitivas correspondentes ao estágio preconizado por Piaget.
Equilíbrio
Com a automatização de equilibração, o indivíduo vai adquirindo o dinamismo bimanual e bipedal, em equilíbrio estático e dinâmico. Uma ação realizada com o controle da equilibração traduz a economia, a eficácia e a estética do movimento, ou seja, ação de maior rendimento e menor esforço.
O equilíbrio é necessário pois, sem ele, o cérebro perde a orientação, não consegue economizar energia em seus movimentos.
O equilíbrio estático e o equilíbrio dinâmico devem ser desenvolvidos. O dinâmico deve ser desenvolvido primeiro, e depois o estático.
A criança que tem uma equilibração adequada executa suas atividades com menor esforço e desgaste, mantendo uma movimentação harmônica e coordenada.
Desenvolvimento do equilíbrio por idade e habilidade:
3 a 4 meses – Equilíbrio de cabeça.
5 a 6 meses – Bom equilíbrio cervical e esboça equilíbrio de tronco.
7 a 8 meses – Reação de proteção para frente e para os lados.
8 a 9 meses – Senta-se com boa extensão de tronco.
9 a 10 meses – Fica em pé com apoio.
10 a 11 meses – Reação de proteção para trás.
12 a 15 meses – Fica em pé sozinha, dá alguns passos.
16 a 24 meses – Caminha para frente e para trás, chuta bola, salta desajeitadamente (apoiada).
2 a 3 anos – Para subitamente, muda de direção, salta desajeitadamente sem apoio, anda de velocípede.
Lateralidade
Diz respeito às noções de direita e esquerda com a realidade ao redor.
Rosa Neto (2010, p. 24) diz que “a lateralidade está em função de um predomínio que outorga a um dos dois hemisférios a iniciativa da organização do ato motor, o qual desembocará na aprendizagem […]”
Como nosso cérebro processa a lateralidade?
Segundo Gonçalves (2010, p. 109), “a lateralidade é função da dominância lateral, tendo um dos hemisférios a iniciativa da organização do ato motor e, o outro, a função de apoio e auxílio, que incidem no aprendizado e no desempenho das praxias”
Tonicidade
Segundo Da Fonseca (1995, p. 122), “toda a motricidade necessita do suporte da tonicidade, isto é, de um estado de tensão ativa e permanente”. Prepara e sustenta o movimento e determina as atividades posturais.
Três formas básicas:
TÔNUS DE FORÇA
TÔNUS DE POSTURA
TÔNUS DE RESIDUAL
Presente nos músculos mesmo em estado de repouso e fixa nossos segmentos.
TÔNUS DE POSTURA
Envolve o sistema muscular, principalmente os músculos extensores, para que o corpo resista à gravidade.
Observado quando o corpo se opõe à força da gravidade.
Desenvolve-se normalmente a partir dos oito anos de idade.
TÔNUS DE FORÇA
Quando o corpo, ou parte do corpo, faz resistência contra algo.
Estruturação espaciotemporal.
A evolução da noção espacial e temporal destaca a existência do processamento cerebral atribuindo sensações ao indivíduo.
O corpo coordena-se, movimenta-se continuamente dentro de um espaço determinado, em função do tempo, em relação a um sistema de referência.
ATENÇÃO!
As emoções afetam a tonicidade muscular.
Espacial – a organização espacial pode ser definida como a consciência da relação do corpo com o meio em que está inserido.
Temporal – a habilidade que a criança adquire para se organizar a partir do seu próprio ritmo.
Coordenação global ou motricidade ampla
A coordenação motora global se refere aos movimentos mais amplos, relacionados com as mudanças de posição do corpo e controle do equilíbrio. Como habilidades identificamos aquelas que envolvem o corpo como um todo, principalmente – mas não exclusivamente – os grandes grupos musculares.
Coordenação global ou motricidade ampla
Envolve os grandes músculos e é responsável pelos movimentos de maior amplitude que o seu filhote faz com os braços, pernas ou o corpo inteiro.
Motricidade fina
Envolve o uso de músculos pequenos, como os das mãos e dos pés. Ao desenhar, pintar ou manusear pequenos objetos, a criança realiza movimentos mais precisos, delicados e desenvolve habilidades que a acompanharão por toda a vida.
Refere-se às competências necessárias para manipular um objeto, ou seja, como usar a mão e os dedos de forma precisa, de acordo com a exigência da atividade.
Motricidade fina
O que a criança costuma desenvolver em cada fase:
2 meses: Junta as mãos, vira a cabeça para achar quem está falando e pode tentar levantá-la.
4 meses: Agarra um chocalho, vira de barriga para baixo e mantém a cabeça firme quando sentada.
6 meses: Passa o brinquedo de uma mão para a outra. Alcança e segura objetos. Toca os pés. Pega comida na mão e come. Levanta os braços para ser carregada. Começa a sentar sem apoio. Eleva o tronco apoiada nas mãos.
9 meses: Gosta de objetos que possa pegar e bater usando as duas mãos. Puxa para ficar de pé. Senta-se sozinha e sem apoio. Engatinha. Fica de pé com apoio.
1-2 anos: Rabisca papel. Segura giz de cera com a mão toda. Pega pequenos objetos e os coloca dentro de um recipiente. Empilha blocos. Vira a página de um livro. Segura colher e tenta comer. Fica de pé sem ajuda. Aprende a andar e a correr. Sobe escadas segurando o corrimão. Inclina-se para pegar objetos e volta para a posição de pé. Inclina-se para a frente em brinquedos como cavalinhos e carrinhos. Arremessa e chuta a bola, mas sem exatidão.
2-3 anos: Faz torres com vários blocos. Recorta papel com tesoura. Faz traços simples com giz de cera. Começa a traçar o nome. Coloca miçangas em um barbante. Pula com dois pés. Galopa. Equilibra-se em um pé só por alguns segundos. Pedala triciclo. Arremessa bola em um alvo.
3-6 anos: Copia linhas e formas. Pega lápis ou caneta fazendo movimento de pinça com os dedos. Escreve o nome. Corta em cima da linha do papel. Começa a cortar formas com a tesoura. Veste-se e se despe de maneira independente. Abotoa e fecha zíperes. Alterna os pés nas escadas. Fica em um pé só. Pula sobre um pé só. Arremessa e chuta com exatidão e força. Progride na tarefa de andar de bicicleta.
Etapas do desenvolvimento do Esquema Corporal – Le Boulch, 1992
1ª etapa: O corpo vivido – 0 a 2 anos:
◦ experimentar o próprio corpo;
◦ Sente o meio como fazendo parte dele;
◦ Não tem consciência do “eu” e se confunde com o espaço em que vive;
2ª etapa: O Corpo Percebido ou Descoberto – 2 a 7 anos:
◦ Compreende a organização do esquema corporal, tomada de consciência de cada segmento;
◦ Foco de sua atenção ao próprio corpo;
◦ Atividade intencional e controlada, maior domínio do corpo, dissociação e refinamento dos movimentos, maior coordenação dentro do espaço e tempo determinado;
◦ orientação espaço-corporal – associa seu corpo a objetos – percepção da noção de posição.
3ª etapa: O Corpo Representado – 7 até os 12 anos:
◦ Estruturação e ampliação do esquema corporal;
◦ Já adquiriu as noções do todo e das partes;
◦ Movimenta-se corretamente no ambiente com controle e domínio.
- Fatores que influenciam o desenvolvimento humano
Hereditariedade – a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não se desenvolver. A inteligência pode desenvolver-se de acordo com as condições do meio em que se encontra.
Crescimento orgânico – refere-se ao aspecto físico.
Maturação neurofisiológica – é o que torna possível determinado padrão de comportamento.
Meio – o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de comportamento do indivíduo.
Aspectos do desenvolvimento humano
Aspecto físico-motor – refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica. Ex.: a criança que leva o alimento à boca.
Aspecto intelectual – é a capacidade de pensamento, raciocínio.
Ex.: A criança de 2 anos que arrasta uma caixa para subir e pegar um objeto no alto.
Aspecto afetivo-emocional – é o modo particular de o indivíduo integrar as suas experiências. A sexualidade faz parte desse aspecto.
Ex.: Timidez diante de uma situação inesperada.
Aspecto social – é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem outras pessoas.
Ex.: A vergonha que sentimos quando algo não deu certo.
Desenvolvimento motor
O desenvolvimento motor é o processo de mudança no comportamento, relacionado com a idade, tanto na postura quanto no movimento da criança.
É um processo de alterações complexas e interligadas das quais participam todos os aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos e sistemas do organismo.
O desenvolvimento inclui todos os aspectos do comportamento humano e, como resultado, somente artificialmente pode ser separado em “áreas”, “fases” ou “ faixas etárias”. “[..] Muito pode ser ganho com o aprendizado do desenvolvimento motor em todas as idades e com a análise desse desenvolvimento como um processo que dura toda a vida.” (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 6)
Segundo Gallahue e Ozmun (2003), temos quatro fases de desenvolvimento motor:
1ª – Fase motora reflexiva – “Os reflexos são movimentos involuntários, controlados subcorticalmente, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor.” (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 99)
2ª – Fase de movimentos rudimentares – As habilidades motoras rudimentares do bebê representam as formas básicas de movimento voluntário que são necessárias para a sobrevivência. Elas envolvem movimentos estabilizadores, como obter controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco; as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e soltar; e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar. (GALLAHUE; OZMUN, 2003, p. 102)
3ª – Fase de movimentos fundamentais – É o período em que a criança está descobrindo como desempenhar uma variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos, primeiro de forma isolada e mais tarde executando movimentos combinados. (GALLAHUE; OZMUN, 2003)
4ª – Fase de movimentos especializados – “Esse é o período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para uso em situações crescentemente exigentes.” (GALAHUE; OZMUN, 2003, p. 105)
Conexões das áreas psicomotoras e da aprendizagem
Psicomotricidade é uma ciência que estuda o ser humano de forma global.
O aprendizado cognitivo, emoções e desenvolvimento motor estão interligados e devem ser trabalhado em conjunto.
Indivíduos em qualquer etapa da vida utilizam o movimento para interagir com o mundo, e as crianças fazem isso de uma forma ainda mais intensa. Elas usam a linguagem corporal para explorar, também aprendem por meio do toque e da experiência.
Psicomotricidade e aprendizagem:
- ter mais controle sobre a coordenação motora e conseguir desenvolver movimentos mais complexos, como aprender a andar de bicicleta;
- trabalhar os músculos da mão, algo importante para aprender a escrever ou recortar, por exemplo;
- ter noção de ritmo, conseguindo aprender passos de dança ou entender notas musicais;
- diferenciar os movimentos realizados pelo lado esquerdo e direito do corpo;
- entender o que é o presente e como as ações de agora afetam o meio externo, entre outras coisas.
Na aprendizagem podemos utilizar a psicomotricidade como:
- educativa: trabalha a descoberta infantil por meio dos movimentos, envolvendo emoções, concentração e socialização;
- reeducativa: é voltada para crianças com dificuldades de aprendizagem ou de movimentação. Aqui os exercícios servem para apresentar novas formas de ação;
- terapêutica: é voltada para o público com necessidades especiais, sejam pessoas com paralisia, autismo, síndrome de Down, entre outras.
O mais importante você já fez, ou seja, buscou conhecimento.
Agora coloque em prática!
Para colocar em prática, adeque a sua realidade e a demanda que você tem.
Seja criativa(o)!
A partir da sua prática, sua vivência, você irá ampliando seu conhecimento sobre psicomotricidade e irá desenvolvendo suas ferramentas de trabalho.
Sucesso!
REFERÊNCIAS
AMARO, Kassandra Nunes et al. Desenvolvimento motor em escolares com dificuldades na aprendizagem. Movimento & Percepção, v. 11, n. 16, p. 39-47, 2010.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION et al. DSM-5: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Artmed Editora, 2014.
ANDRADE, S. A. et al. Ambiente familiar e desenvolvimento cognitivo infantil: uma abordagem epidemiológica. Revista Saúde Pública. Vol. 39, n. 4, p. 606-611, 2005.
AZEVEDO, André Chagas de. A psicomotricidade nas aulas de Educação Física da educação infantil. 2017.
BRONFENBRENNER, Urie; CECI, Stephen J. Nature-nuture reconceptualized in developmental perspective: A bioecological model. Psychological review, v. 101, n. 4, p. 568, 1994.
BOSCAINI, F. O desenvolvimento psico-corporal e o papel da psicomotricidade. A psicomotricidade, v. 1, n. 2, p. 20-26, 2003.
CARRIJO, Fernanda; TAVARES, Helenice. A contribuição da psicomotricidade no trabalho psicopedagógico. Uberlândia – MG/ 2011. Disponível em: Acesso em: 17 de janeiro 2014.
CONDE, ÉRICA PIRES. A importância da psicomotricidade na educação infantil: a formação das noções espaciais. REVISTA INTERDISCIPLINAR CIÊNCIAS E SAÚDE-RICS, v. 1, n. 1, 2014.
DA SILVA MELLO, André et al. A educação infantil na Base Nacional Comum Curricular: pressupostos e interfaces com a Educação Física. Motrivivência, v. 28, n. 48, p. 130-149, 2016.
GALLAHUE, David, L; OZMUN, John, C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. 2° Edição. São Paulo: Phorte Editora, 2003.
GONÇALVES, Fátima. Psicomotricidade & educação física: quem quer brincar põe o dedo aqui. Cajamar: Cultural RBL Editora, 2010.
IMAI, Viviam Hatisuka. Desenvolvimento psicomotor: uma experiência de formação continuada em serviço com professores da educação infantil. 2007.
LE BOULCH, Jean. Le développement psychomoteur de la naissance à 6 ans: conséquences éducatives: la psychocinétique à l’âge préscolaire. Editions ESF, 1981.
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento até 6 anos: a psicocinética na idade pré-escolar. 1992.
SALESIANO, Centro Universitário Católico et al. PSICOMOTRICIDADE: ESTIMULAÇÃO DAS HABILIDADES MOTORAS, COGNITIVAS E SÓCIO AFETIVAS.